Minha vida era um palco iluminado
Eu vivia vestido de dourado
Palha�o das perdidas ilus�es
Cheio dos guizos falsos de alegria
Andei cantando a minha fantasia
Entre as palmas febris dos cora�es
Meu barrac�o no morro do salgueiro
Tinha o cantar alegre de um viveiro
Foste a sonoridade que acabou
E hoje, quando do sol, a claridade
Forra o meu barrac�o, sinto saudade
Da mulher pomba-rola que voou
Nossas roupas comuns dependuradas
Na corda, qual bandeiras agitadas
Pareciam um estranho festival!
Festa dos nossos trapos coloridos
A mostrar que nos morros mal vestidos
� sempre feriado nacional
A porta do barraco era sem trinco
Mas a lua, furando o nosso zinco
Salpicava de estrelas o nosso ch�o...
Tu, tu pisavas os astros distra�da
Sem saber que a ventura desta vida,
� a cabrocha, o luar e o viol�o...