Poema dos Olhos da Amada

Oh, minha amada,
Que os olhos teus:

S�o cais noturnos
Cheios de adeus,
S�o docas mansas
Trilhando luzes
Que brilham longe,
Longe nos breus.

Oh, minha amada,
Que olhos os teus!

Quanto mist�rio
Nos olhos teus;
Quantos saveiros,
Quantos navios,
Quantos naufr�gios
Nos olhos teus.

Oh, minha amada,
Que olhos os teus!

Se Deus houvera,
Fizera-os Deus;
Pois, n�o os fizera
Quem n�o soubera
Que h� muitas eras
Nos olhos teus.

Ah, minha amada
De olhos ateus:

Cria a esperan�a
Nos olhos meus
De verem um dia
O olhar mendigo
Da poesia
Nos olhos teus.