O filme quis dizer: "Eu sou o samba"
A voz do morro rasgou a tela do cinema
E come�aram a se configurar
Vis�es das coisas grandes e pequenas
Que nos formaram e est�o a nos formar
Todas e muitas: Deus e o Diabo
Vidas Secas, Os Fuzis
Os Cafajestes, O Padre e a Mo�a, A Grande Feira,
O Desafio
Outras conversas, outras conversas
Sobre os jeitos do Brasil
Outras conversas sobre os jeitos do Brasil
A bossa-nova passou na prova
Nos salvou na dimens�o da eternidade
Por�m, aqui embaixo "a vida"
Mera "metade de nada"
Nem morria nem enfrentava o problema
Pedia solu�es e explica�es
E foi por isso que as imagens do pa�s desse cinema
Entraram nas palavras das can�es
Entraram nas palavras das can�es
Primeiro, foram aquelas que explicavam
E a m�sica parava pra pensar
Mas era t�o bonito que parasse
Que a gente nem queria reclamar
Depois, foram as imagens que assombravam
E outras palavras j� queriam se cantar
De ordem, de desordem, de loucura
De alma � meia-noite e de ind�stria
E a terra entrou em transe, �
No sert�o de Ipanema
Em transe, �
No mar de Monte Santo
E a luz do nosso canto
E as vozes do poema
Necessitaram transformar-se tanto
Que o samba quis dizer
O samba quis dizer: "Eu sou cinema"
O samba quis dizer: "Eu sou cinema"
A� o anjo nasceu
Veio o bandido meteorango
Hitler Terceiro Mundo
Sem Essa, Aranha, Fome de Amor
E o filme disse: "Eu quero ser poema"
Ou mais: "Quero ser filme, e filme-filme"
Acossado no limite da garganta do diabo
Voltar � Atl�ntida e ultrapassar o eclipse
Matar o ovo e ver a Vera Cruz
E o samba agora diz: "Eu sou a luz"
Da lira do del�rio, da alforria de Xica
De toda a nudez de �ndia
De flor de Macab�ia, de Asa Branca
Meu nome � Stelinha, � Inoc�ncia
Meu nome � Orson Ant�nio Vieira Conselheiro de Pixote Super Outro
Quero ser velho, de novo eterno
Quero ser novo de novo
Quero ser Ganga Bruta e clara gema
Eu sou o samba, viva o cinema
Viva o Cinema Novo