O Oco do Mundo

o oco do mundo pr�
para trans e meta p�s
o oco do mundo a foz
de um rio sem nascente
como um broto sem semente
um raio de sol sem luz
como infec��o sem pus
o oco do mundo a s�s

o oco do mundo ainda
na minha periferia
como eco da bahia
saudade do meu sert�o
o oco do mundo inteiro
passando pela tangente
ainda na minha frente
como um campo de vis�o

o oco do mundo vem
se aproximando de mim
primeiro como calor
depois como frenesi
em seguida como odor
e logo como tremor
o oco do mundo vem
se aproximando de mim

o oco do mundo ent�o
j� no meu interior
peda�o de pau na m�o
fazendo de mim tambor
batendo tirando som
e sangue e suor e horror
o oco do mundo ent�o
encarna��o do terror

o oco do mundo sai
vai se por por traz de mim
depos de me haver cruzado
a alma e o corpo presente
depois de engulir-me a mente
e sugar o meu passado
o oco do mundo sai
no futuro projetado

o oco do mundo fora
do alcance da linguagem
o oco do mundo imagem
sem epelho, sem suporte
o oco do mundo a morte
sem corpo, sem substrato
sem no��o, sem aparato
como o azar sem a sorte

o oco do mundo em si
despido de qualquer veste
nem c�o nem cabra da peste
nem anjo nem m�e de deus
opaco buraco negro
sem casca caroco ou ego
o oco do mundo cego
sozinho em seu pr�prio c�u

o oco do mundo enfim
o oco do mundo al�m
al�m do mal e do bem
da verdade nua e crua
alem do saber dos sabios
alem do deus dos snobs
o oco do mundo � o bobs
no cabelo da perua