Surungo de Respeito

Eu sou do tempo que nos dias de surungo
Dava um banho no matungo, na correnteza da sanga
Na mesma hora tomava um banho campeiro
Passava �gua de cheiro, pra noite encontrar a tchanga
E nas melenas glostora com brilhantina
S� pra agradar a china, que a uma semana n�o vejo
Mascava funcho, cravo da �ndia e canela
E ado�ava o bafo pra ela, pra mode ganhar um beijo

J� de tardinha dava de r�deas no pingo
Pra no bolicho do gringo, buscar um frasco de canha
E de noitinha fechando mais um palheiro
Ouvia longe o entrevero, da bailanta na campanha
J� escutava a gaita choramingando
Como que me convidando, pra este surungo de rancho
Minha alegria e o maior prazer do mundo
Era entrar pelos fundos, s� pra dan�ar de carancho

Mas hoje em dia os bailes est�o modernos
O pe�o j� vai de terno, e usa perfume importado
Inv�s de funcho anda mascando chicletes
Guaiaca virou pochete e o palheiro � o baseado
N�o me acostumo esta moda n�o me agrada
Pois s� � de madrugada que os bailes est�o come�ando
Algum magrinhos j� usam saias de renda
Pra n�o confundir com as prendas, tem que andar apalpando

A meia noite serviam pra os convidados
Bolo frito e assado, p�o com banha e marmelada
Nunca faltava um bom caf� de chaleira
E quem passava na fogueira, trazia as batata assada
Logo depois o surungo continuava
Dali a pouco gritava pare gaiteiro
E um versinho campeiro, pra prenda ele dizia

Eu sou do tempo do surungo de respeito
Me esfor�o mas n�o aceito, por isto n�o me misturo
Mas tem gaud�rio achando isto um barato
Se fazendo de retrato, pra se revelar no escuro
S� os versinhos de aporfia n�o mudaram
Somente modernizaram este linguajar campeiro
Pois tem boizinho gritando pare a vanera
Botando a m�o nas cadeiras, se declara pro parceiro