Calv�rio

Sobre uma cama carcomida
Parecida com a tristeza
Da mais triste das pris�es
Ele rolava o dia inteiro prisioneiro
De um mal terr�vel
Que roia os seus pulm�es

T�o mo�o ainda n�o vivia nem morria
No meio termo de cortar o cora��o
E quando a tosse o visitava, desfolhava
Rodas de sangue ainda quente pelo ch�o
Ele sofria sereno naquele quarto sem luz
A recordar o nazareno
Vergada ao vento da cruz

Nunca maldisse da sorte
Pensava sempre no bem
At� na hora da morte
N�o se queixou de ningu�m
Era seu intimo desejo
Dar um beijo na velhinha
Que lhe dera o pr�prio ser

Mas tinha medo de beij�-la e conden�-la
A sofrer tanto quanto ele at� morrer
Nesse dilema incessante torturante
Um belo dia o seu calv�rio terminou
E analisando aquela cena tive pena
Muito mais pena da velhinha que ficou