Senhor delegado,
Eu sou um assassino,
Entrego-me � pris�o,
Cumprindo o meu destino.
Estou arrependido,
De praticar o crime,
Deixa que lhe descrevo,
Senhor, como perdi-me.
Um dia apareceu,
Deitada � minha porta,
Uma mulher doente,
Faminta, quase morta.
Tratei-a com carinho,
Tornou-se t�o bonita,
Foi minha companheira,
E hoje � minha desdita.
A ingrata me fugiu,
N�o soube mais vencer,
Tornei-me at� ladr�o,
E dei para beber.
E quantas, quantas noites,
Ao me apertar o sono,
Dormia nas sarjetas,
Tal qual um c�o sem dono.
E ela vinha em sonho,
Buscar-me com car�cia,
Quando era despertado,
Nas garras da pol�cia.
Farto de sofrer,
Fui procurar o amigo,
Como �ltimo recurso,
Fui lhe pedir abrigo.
Negou-me, disse ainda,
Jamais o conheci,
Virou-me, deu-me as costas,
Quando uma voz ouvi.
Reconheci ser dela,
Na casa � for�a entrei,
Matei o falso amigo,
E a mulher que amei.
Estou arrependido,
N�o terei mais conforto,
E desde aquele instante,
Eu sinto que estou morto.