[LEILA, falando]
Espera, vira as botas ao contrário
[IAGO, falando]
Como?
[LEILA, falando]
As botas, vira ao contrário
Assim as pegadas despistam, um amigo me ensinou
Vem. Vamos por trás do sapo de pedra!
[IAGO, falando]
Um sapo?
[LEILA, falando]
Ai, não é um sapo de verdade
São só pedras que parecem formar um sapo de longe
Dizem que no frio, à noite o vento canta ao passar por entre elas
[IAGO, falando]
Dizem? Quem diz?
[LEILA, falando]
As histórias, o passado, as origens
[IAGO, falando]
É bonito ver alguém falando da sua origem com um sorriso no rosto
Sem ter vergonha da sua história
[LEILA, falando]
O que é um homem sem a sua história? Uma planta sem raiz
[CIRANDEIRO, falando]
O que é, o que é? Que embora se saiba não se diz
É o amor! Um danado muito sabido, um bicho brincalhão
Que quando chega se apresenta sempre por adivinhação
[CIRANDEIRO, falando]
O que é, o que é? Quanto maior menos se vê
[IAGO, falando]
Que escuridão
[CIRANDEIRO, falando]
O que é, o que é? Quanto mais se tira mais se aumenta
[LEILA, falando]
Um buraco, cuidado
[CIRANDEIRO, falando]
O que é, o que é? Não tem pé e corre, quando para morre
[IAGO, falando]
Esse rio é o único que cruza pro seu lado
[CIRANDEIRO, falando]
O que é, o que é? Se quebra quando se chama
[LEILA, falando]
Silêncio! Pronto!
[CIRANDEIRO, falando]
O amor é afirmativo, mas no bolso sempre leva uma interrogação
[CIRANDEIRO, falando]
Responde às dúvidas, mas leva embora qualquer certeza que se tiver
[LEILA, falando]
Espera! Aquilo é