Aqui � frio, gelado, escuro e apertado
Tem algo no ar de errado, caralho eu to sufocado
Meus olhos est�o fechados, tento abrir, mas n�o consigo
Parece ser um sonho, devo ta dormindo
Eu sinto calafrio, medo, arrepio
Agonia, desespero, m� neurose puta que pariu
N�o to sentindo as perna, agora o corpo gela
E cada minuto que passa o cora��o acelera
Ou�o grito, choro, sussurro de consolo
E algu�m no sufoco, inconformado pedindo socorro
Parece miragem, ilus�o, filme de fic��o
To vendo minha m�e, meus irm�os envolta do meu caix�o
E uma p� de lembran�as vem no pensamento
E eu n�o consigo entender os motivos pra tanto sofrimento
E o mund�o n�o deixou op��o pras minhas falhas
Sou eu por mim mesmo, se n�o viro ca�a e perco batalha
Inf�ncia maldita, vida sofrida, esperan�a tra�da
Se o certo � incerto de que lado t� a sa�da?
N�o tem pra onde correr, nem tente se esconder
Ou voc� mata o mal, ou ele mata voc�
Porque aqui, sua vida � cobrada toda hora
E o tic tac do tempo conta derrotas e vitorias
Passaporte pro c�u, pode vir, aqui tem!
E eu n�o escolho ningu�m, vem com a cara e as de cem
Te d�o alivio, salva��o, mundo de para�so
Mas depois de alguns segundos volta tudo do inicio
Magoua, depress�o, posso fundo sem luz
Onde o c�u vira inferno, nem tente agarrar a cruz
Eu to ligado, � m� emba�ado viver nesse estado
Acuado, desempregado vivendo no couro mofado
Aluguel atrasado, irm�o assassinado
Sem o b�sico, o minimo, mais um crucificado
Enterrado vivo
E quantas vezes eu precisei, implorei por um auxilio
Quantas vezes o destino me crivo de um sorriso
Me jogou na onde eu to, entre o �dio e o rancor
E amor s� fico pra quem se iludi mor�?
Mas que porra, querem um santo fudido e conformado,
Paciente esperando a morte num corredor lotado
Ou talvez, eu mesmo acabando com a sua cria
Morrendo na troca de tiros, deixando os peda�os pra pericia
E eu sei que � assim que o brasil quer me ver
Doente, in�til, faminto, cansado de viver
Saber que a felicidade existe, n�o me deixa feliz
Pra quem vive de desgra�a, nada mais faz sorrir
Nada mais surpreende, nada me faz acreditar
Que amanha voc� ri, se o ontem fez chorar
Tipo a solid�o e a fome, que maltrata e tortura
Bem pior que a dor de doen�a sem cura
Calma, da um tempo tenha f� esperan�a,
Mas como se aqui o dem�nio virou brinquedo de crian�a?
Enquanto voc� ri, seu semelhante chora
Enquanto voc� reclama, seu semelhante implora
Ta ruim, ta ruim? Ent�o, d� que � bom pra mim!
Pra quem viveu a onde voc� v�, n�o resiste ao pr�prio fim
N�o da pra suportar, n�o da mais pra aguentar
Eu quero respirar, poder voltar pra l�
E sentir, desfrutar do prazer de amar
Mas o tempo fechou e sol n�o vai brilhar
Eu to fraco, aflito, an�mico e raqu�tico
Sofrendo ao relento com papel�o e um saco de lixo
Jogado em qualquer pra�a, tendo um ataque de convuls�o
Esperando que o filho da puta tenha d� e compaix�o
Corpo, mente, cora��o, nada mais tem sentido
Quando se acorda e v� que ta enterrado vivo!
Enterrado vivo, enterrado vivo