Kalmia Latifolia

Agora n�o h� mais o que fazer
Definitivamente acabou
A esperan�a de um dia mudar
E voltar a ser como quando tudo come�ou

Quem vai entender meus motivo
O por qu� guardei tudo pra mim
Como sustentaria meu filho
A maquiagem esconde e os cortes
Nem foi t�o fundo assim

Pra quem v� de fora � f�cil condenar
Era s� separar
Sem o pai dos seus filhos, doentio e possessivo
Amea�ando te matar e se matar

Descrevendo seus passos, sua roupa
Seus atos em mensagem por celular
Cego, obcecado, fantasiando caso
Te perseguindo vigiando trabalhar

E voc� dividida
Ref�m, entre a paix�o e o rancor
Uma vida de foragida ou resgatar a fam�lia
Que tanto sonhou e sempre amou

Pra quem v� de fora � f�cil, eu sei
Tamb�m cansei de julgar
Na equ�voca convic��o
S� acontece com os outros
Sem nunca se p�r no lugar

S� acontece com os outros mesmo
Mas agora os outros � voc�
No deserto do lar sob chuva de soco
Sem sucesso tentando se proteger

Essa foi a �ltima vez
Vou fugir e denuncio o covarde
Desde o primeiro murro que minto pra mim
Agora acabou de verdade

At� a cena de praxe das l�grimas
Convincente em suas declara�es
Eu, como sempre vencida pelo presente
Uma rosa e um bilhete com mil perd�es

Pra nem uma semana depois
Ver a metamorfose das frases
E as declara�es vir em sequ�ncia
De bica, paulada e o afundamento da face

Me perdoa, m�e
Omiti pra te n�o ver chorar
Das mentiras �s contradi�es
S� tiveram a inten��o de te poupar

N�o precisa esperar eu pra dormir
Descobri que o amor tamb�m mata
Hoje o Romeu n�o trouxe flor
E eu n�o volto pra casa

Da religi�o � cultura esportiva
Da educa��o � pornografia
A conduta n�o se justifica ao que aprende
Mas ao que ensina

O ambiente constr�i h�bitos
Que aparentam autorizar tal comportamento
Contribuindo com a a��o abusiva
Que a alma traumatiza e causa sangramento

A n�o submiss�o � tortura, aos maus tratos
Da porta pra dentro
Ainda � um sonho n�o sonhado
A raz�o n�o tem g�nero, mas em diversos lares
Da nossa sociedade evolu�da
Ainda se preserva o �nico direito
Apanhar em sil�ncio

Com incont�veis hematomas no corpo
Impossibilitando trabalhar
Sem coragem de se olhar no espelho
Nem de denunciar

Sem desculpa dessa vez
A sa�da foi o total confinamento
J� que o olho roxo semana passada
J� foi a que escorregou lavando o banheiro

� o moderno romantismo medieval
Que s� entende
Quem n�o entende o que te prende
� essa depend�ncia sentimental

Se questionando incansavelmente
Porqu� que tem que ser assim
E quanto mais se despreza
Mais sente falta e mais nojo sente de si

Estrelando a contradit�ria
Epopeia das p�talas esquecidas, que traz
Como protagonista do cuspe na cara
Ao mesmo que te proporcionou
Os melhores dias de vida

A express�o angelical
Sem aparente sinal vital
Descreve a efici�ncia da justi�a
Com um proj�til alojado na nuca
Trazendo na bolsa
A folha da medida protetiva

Avisa o oficial
Que j� n�o h� mais o que depor, na moral
Que nossas leis representam
Um avan�o significativo
S� no campo conceitual

Que aqui os n�meros assustam
A opini�o p�blica
Mas n�o estimula a a��o
Comprovando que o problema � cultural
N�o de legisla��o

E a inc�gnita que desafia a psiquiatria
Continua sem resposta
Hoje n�o precisa esperar ela pra dormir
S� n�o esquece o caix�o cor de rosa!