Periferia produz uma fruta estranha
Seu aroma deixa de estar nos nossos dias
Rosas, minas, monas, mulheres, companheiras enterradas
Nos Jardins das almas esquecidas
A estranha colheita do feminic�dio como se fossem ervas daninhas
Asfixia ao trans, travesti a dor � leg�tima, quantas plantas mortas por essas fitas?
Vis�o de revolu��o � contra a elite racista
Rap de direita merece tiro e facada em fascista
Menos doa��o pra crian�a pobre do que animais
Os deveres s�o plenos, os direitos n�o iguais
Tomaram suas mentes com Wi-Fi's
Orgulho do gueto l�grimas secas, enquanto chove a mil por hora
Onde ningu�m se move, o rico ostenta seu lixo de 5 toneladas
Tomamos em goles de dor a cerveja na quebrada
Compramos ilus�o em pit stops pensando em praias
A vida se tornou um eterno retorno ao grande nada
De tudo o que me incomoda, privil�gios de todos os lados
Cobran�a d� 100% de g�s por nada
E se 10 vezes se batizar n�o muda
Igreja n�o lapida conduta
A cada escola que fa�o palestra, � um palco que deixo de ir
� um menino a menos eg�latra que deixa de ruir
Riram quando eu disse que o livro pode salvar
Agora reclama nos bares que sa� do lugar
Estou preso no copo de algu�m, engoli os choros
Comi as l�grimas, n�o digo am�m
Eu e a morte n�o nos damos bem
Ela me roubava amigos, te amo tamb�m
Escrevi essa fita porque assinei o artigo A286
Com o mundo nos ombros sem brincadeira
E o suor escorrendo de tanto carregar
Uma p� de gente que n�o consegui resgatar
Produtivo, doente, obeso, inconsequente
Maloqueiro, escritor envolvido com os bagulho
De vez em quando algu�m me tira da caixa, tira o p�
E me p�e no show com outros entulhos
Em outros estados todos se misturam
Em S�o Paulo � isso mesmo meu querido
Treta de rua, bairrismo, bombetas e s�mbolos de f�nix
Seu namast� n�o faz efeito
Somos problema e matamos a solu��o
Somos o caos porque a ordem nunca foi ostenta��o
Ferr�z e A286 rap de verdade, literatura marginal na f�
Pra fazer comedor de Nutella voltar de marcha r�