Assim se fez, assim se faz, aqui se criam homens
Leis das quais n�o s�o iguais pra todos sobrenomes
O esquema � viela em tempo de guerra n�o pode correr
Quando o couro come nasce indecis�o, �dio no cora��o
N�o deixa o medo vir puxar o bonde
Destrava as cromadas na cara, dispara no tiro toda sua ira
N�o para, depara com a raiva, caminha com morte, n�o brinca com a vida
N�o cospe no prato que come, n�o aponta o dedo, n�o paga com a l�ngua
Da fome do beco, do ber�o, do ter�o, do pre�o do erro de toda mentira
Recorte sem sorte, rep�rter j� quer minha morte pra fazer mat�ria
Como pode o X-9 d� o bote? Aqui n�s explode todos os com�dias
Quem morde � o rancor e vingan�a correndo com pressa pelas minhas art�rias
Quem vem de onde eu vim, viveu o que eu vivi
Sofrimento � piada, inferno � f�rias
N�o quero saber se ator � piada, jogador cheira, cantora � l�sbica
Fiz zum-zum pra tocar cora��o, deixa o Tel� tocar na Transam�rica
O dinheiro faz Neymar bonito, Restart homem, cachorras hist�ricas
O bonde que eu fecho s� f�meas na loque, enfreta rottweiler, explode cerca el�trica
Se liga na saga, na rima, no rap modesto que agora eu te fa�o
Disposto pro tudo, pro nada, botando a cara menino fracasso
(Onde) Eu fa�o rap dar o clima dos meus relatos
(Onde) Eu fa�o verso contigo, com desabafos
Porque aqui o galo canta e o canto � forte
Eu t� de black, � terno, � cap, o rap � meu suporte
Viu? Momento � intenso imp�em minhas rimas tensas
Eu t�, t� cheio de �dio pra cobrar minhas desaven�as
Mas busco a paz pras comunidades
Que nesse dia toca o rap alto underground
Que eu veja sorriso refletindo com o sol
E n�o um corpo coberto com um len�ol
Porque vejo guerreiro na bike, piscina da laje virando concreto
Sua filha vadia do morro ontem a noite matou mais um feto
Balas perdidas invade o seu teto, cor aqui o certo � o certo
S� sei que vejo olho no olho e ainda sinto que o papo n�o � reto
Assim se fez, assim se faz, assim se faz
Assim se fez, assim se faz, assim se faz
Assim se fez, assim se faz, assim se faz
Assim se fez, assim se faz pela paz e a liberdade
Aonde que ronca puxa o bonde, tem medo do frio que vem das grades
Se onde n�s vive o medo n�o existe, n�s n�o aceita tua trairagem
X-9 j� brota, os cana da o bote, agora � hora de comprar os covarde
Pra todos os guia que vive em noite sombria cortando o beco e cidade
Conhece no olho quem � na fam�lia, sabe de longe quem vem com a maldade
O mundo l� fora me chama, levanto e ent�o vou como eu posso
Me sinto soldado sozinho ferido lutando com v�rios que t�o feio na foto
Desde menor j� tava na pista, sempre mantive o plano formado
Eu n�o quis assalto milion�rio, nem toca na boca, nem andar armado
Mas era cacha�a e o bar lotado da favela enchendo muito viciado
Sinuca, piranha e droga, mas fugi do crime pra arrumar um trabalho
S� fa�o a minha correria, me sobra um tempo pra rataria
Dou tudo de mim pra chegar no fim e eu n�o encontrar minha panela vazia
E a lei do mundo � dar voltas, curta, o mundo � pequeno
Vejo a porra dos verme d� o bote neles mesmo
A inf�ncia acabou mais cedo pra esse menor
Quando viu o que que tinha n�o era do bom
Mesmo assim ele ainda tinha que ser o melhor
Pra poder ter uma chance a m�e dele pediu, o coro comia
Sumia com o padrasto, respons�vel pelos maus tratos, que agonia
Vai moleque, corre pra onde ningu�m te alcance
Pra escola meu material � pouco
Pra chegar aqui demora, esse cara querer me ensinar
B-BI-B-A-B, n�o vou usar isso no mundo sujo l� fora
Entre facas e garrafas de cana
Duro e cercado de grana
Bota a m�o na pe�a e bota a cara na pista
Quase que o mundo me engana
Oportunidade e quase n�o tive
S� que favelado j� conhece o mal
Se eu fui o alvo principal, um animal
Mesmo assim n�o fui tratado como tal
Barraco de madeira do fundo do quintal
Ideias biom�tricas
Frio, calculista, ser genial, sem matem�tica
Passem a se preocupar
Foda-se sua caridade, foda-se sua �tica
T� cansado esperar
O ar polu�do que o morro respira
Me ensinou a n�o desesperar
Me ensinou a abrir a boca na hora certa
E a viv�ncia na intermedia��o social
E assim se fez inimigo do estado
Her�i das crian�as, um poeta letal