Mas s� de ter nascido e ser criado onde fomos
Marcas na pele, feridas da vida mostram quem somos
Os p�s no ch�o, no solo inf�rtil condenado da favela
Me alimentou (cresci mais forte, tenho sonhos)
A guerra suja da grana que o povo t� inclu�do
T� vendo, t� tudo errado e n�o toma uma provid�ncia
Encarando de olhos vidrados com a faca e o queijo na m�o
Com a raz�o (mesmo assim deixam por isso)
Criado dentro do jogo de armas, ter�os e vozes
Entre o certo e o errado, a mentira e a verdade
Trancado num cativeiro da pris�o que te d� toda a liberdade
De viver sem ter paz
As vezes n�o se sabe o que faz da vida
Quase que eu fico pra tr�s
Criado pra seguir leis, ir de encontro ao abismo escuro
Empurrado pra dentro do crime, ser mais um entre os demais
Na vida foi perrengue demais
Na vida, uns t�m pouco e outros t�m mais
Na vida � sofrimento demais
Na vida, seu caminho � voc� quem faz
Na vida foi perrengue demais
Na vida, uns t�m pouco e outros t�m mais
Aquele que for capaz de enxergar ent�o grita
N�o vamos morrer sem lutar
Nascido e criado no beco
Onde na favela o sol nasce mais cedo
Poeta de banco da pra�a
Aqui meu castelo � um quartinho com banheiro
Desde pequeno passando veneno
Crescendo, aprendendo em porta de barraca
Vendo os com�dias perdendo na ronda
Todo o dinheiro das contas da casa
Mulher casada bebendo cacha�a
Dan�ando lambada com roupa curta
Os playboy afundando a napa esticando o p� na mesa de sinuca
Nego achava que me engana, e eu fingia que n�o entendia
Pol�cia chegava, o baile acabava e algu�m avisava
Meu pai se escondia
D�i lembrar minha m�e na cozinha sozinha
Comendo arroz e feij�o
Perrengue pra mulher solteira criar quatro filhos
Sem faltar o p�o
Pagava a conta, segurava a bronca
Quando meu pai atrasava a pens�o
Me falava que forte era Deus, a gente
Que tinha que ser disposi��o
At� um galinheiro tinha no terreiro
Muito humilde era nosso barraco
Balde espalhado por todos os lados
Pra segurar goteira no telhado
Eu via minha m�e procurando a igreja
Enquanto meu pai vivia procurado
Minha irm� mais nova nasceu, virei o homem da casa
Com os pais separados
Na vida foi perrengue demais
Na vida, uns t�m pouco e outros t�m mais
Na vida � sofrimento demais
Na vida, seu caminho � voc� quem faz
Na vida foi perrengue demais
Na vida, uns t�m pouco e outros t�m mais
Aquele que � capaz de enxergar ent�o grita
N�o vamos morrer sem lutar
Vai l� e mostra na pr�tica at� o que teu pr�prio irm�o duvidou
As suas m�os calejada, o rosto abatido
Sentimento de dor
A vida em comunidade, poucos recursos
Tombo que tu levou
Foi tua escola (te consagrou)
Menor agora pega caneta e ideias e entope
O oit�o, sai do beco e vai pra tua laje
E pensa no mundo cruel
Transforma isso em poesia, ou�a a voz que diz que tu � bom
Tudo isso estava escrito no c�u
Na vida foi perrengue demais
Na vida, uns t�m pouco e outros t�m mais
Na vida � sofrimento demais
Na vida, seu caminho � voc� quem faz
Na vida foi perrengue demais
Na vida, uns t�m pouco e outros t�m mais
Aquele que � capaz de enxergar ent�o grita
N�o vamos morrer sem lutar