Margens pl�cidas

Corredor de mendigos na Rio Branco na madruga.
Aos trancos, barrancos o �nibus parece em fuga.
Mas p�ra nos pontos pega travestis, garot�es,
putinhas, garis, professores, l�rios e le�es;
que j� se acostumaram e nem ligam para a ferida,
exposta no quadro vivo que atravessa a avenida,
velha exclus�o social em tinta neoliberal.
Mantendo privil�gios, carnificinas, transg�nicos
laborat�rios, d�zimos variados, conv�nios
escusos, contas no exterior e o carnaval:
a festa, a alegria, a verdadeira vida real
do carnaval.

T�o fugaz quanto qualquer outra se n�o h� rem�dio.
H� horda de mendigos abandonada ao p� do a�o clean dos pr�dios
do centro do cora��o financeiro da cidade,
da especula��o insana, o meu primeiro e vade
retro Satan�s! Esse corredor � brasileiro,
durante o dia abriga a luta cega por dinheiro,
de noite exp�e a esc�ria � margem, sem luva e sem ringue;
um b�bado demonstrando que tem muito su�ngue
cai, levanta, cai, � brasileiro
no carnaval.

Cai, levanta, cai, � brasileiro e toma outro gole;
o cara do meu lado no �nibus j� se encolhe,
ronca, ralou o dia todo, s� quer paz e cama.
Salto no meu ponto meio torto e piso na lama,
na merda, na po�a, num rato, barata no esgoto.
N�o h� estrelas no c�u, j� n�o sou nenhum garoto
mas minha indigna��o ainda me supera, impera,
alimentando a mesma fera c�nica da espera
de que o mundo fique de pernas pro ar, de cabe�a
pra baixo, pelo menos uma vez, antes que desapare�a!
"Quando eu estiver assim n�o me apare�a,
saia, desapare�a da minha vista" ?
no carnaval.