O g�nio de todo g�nio � incompreens�vel
E � por isso que o g�nio � capaz do inconceb�vel
Parece que o artista busca a morte
Como se fosse ela sua �nica reden��o cab�vel
Parece que cada emo��o afeta mais o poeta
Porque o poeta � mais sens�vel
Mas � essa sensibilidade que lhe concede intensidade
E � essa contradi��o que faz sua genialidade poss�vel
Se o artista pensasse como um matem�tico, seria mais pr�tico
Por�m o pragm�tico � o rev�s do imprevis�vel
E a poesia nasce da indisciplina, do inesperado, de um raro lapso de inspira��o
Nem tudo se reduz a dados, nem tudo se resume em n�meros, nem tudo requer explica��o!
A arte n�o precisa ter sentido, precisa ser sentida
A poesia � como um drible no meio campo a esmo
Um lance que n�o vira estat�stica, porque basta por si mesmo
Um momento que n�o se repete
Onde nem o pr�prio artista entende exatamente o que fez
Por vezes me fa�o essa enquete, e agora pergunto a voc�s, e se Ronaldinho Ga�cho tivesse a dedica��o e a frieza de CR7 seria mais jogador � verdade, mas menos artista talvez?
Creio que o artista precisa dessa rebeldia que lhe move
Dessa raiva que lhe r�i
Da tristeza que lhe revela
Da dor que lhe transtorna
Do riso que lhe redime
De uma obsess�o extrema
De uma emo��o que lhe defina
E essa mesma intensidade, que um dia lhe trouxe o �pice da criatividade
Ser� tamb�m a causa suprema de sua ru�na
Como a madeira, que precisa ser consumida para se tornar fogueira!
Poetas s�o homens bombas carregados de poemas
Que se auto destroem por algo maior, nem que esse algo seja a arte apenas!
Amy Wine House, Jimmy Hendrix, Michael Jackson, Kurt Cobain
Elvis, Withney, Raul Seixas e Chor�o tamb�m
Por vezes pensamos, se n�o fosse a vida do artista t�o tr�gica
Seria sua obra t�o m�gica?
Se Noel Rosa n�o fosse t�o Bo�mio seria Noel t�o g�nio?
E se Tupac, n�o fosse t�o intenso e agressivo, talvez ainda estivesse vivo, por�m seria o mesmo Tupac?
O artista parece buscar o oceano mais revolto, ainda que esse mar lhe afogue
Escolher fazer arte pode ser um tiro no p�
Mas para parar de faz�-la, s� com um tiro no peito, como Van Gogh!
O artista nasce com um dom �nico
Mas seu maior feito � seu maior fardo
Pois a arte � seu banquete farto, e seu veneno amargo
Como um par de asas pesadas que lhe possibilita al�ar v�os sublimes
Mas restringe seus passos em terras firmes
� uma coroa espessa na cabe�a, que lhe faz rei e lhe faz r�u
Seu mal, seu mel, seu hell, seu c�u, que o liberta e o amarra
� como o canto derradeiro da cigarra
� como o voo breve da lib�lula
� o dom de sentir a dor alheia
Na arte da ostra de transformar areia em p�rola
Se entregar a arte tem um pre�o
Mas � in�til lutar contra sua natureza
Pois o artista sem sua arte � como uma fera selvagem presa
Viveria mais talvez, mas seria menos, com certeza!
Morrer � inevit�vel, faz parte
E j� que vamos todos morrer, que eu morra de arte!
Por isso escrevo com meu pr�prio sangue
Por isso minha rima cheira �ter
E a poesia � quem me faz respirar, como se fosse meu cateter
Pe�o que n�o chorem por mim, minha morte ser� plena
Ter� valido a pena
N�o me tornarei mais um n�mero no sistema
Pois tendo derramado no papel toda vida que continha
Ao chegar ao fim da linha, serei eu tamb�m poema!